“However we treat the child, the child will treat the world.” – Pam Leo
Todo e qualquer comportamento do adulto na relação com a criança e com os outros, vai ser o modelo principal na forma como a criança se vai relacionar com os adultos e com os pares.
O modo como os pais falam dos seus empregos, dos seus chefes, será, na grande maioria, a forma como os filhos irão falar da escola e dos seus professores. Aprender à imagem dos pais é o maior objectivo dos filhos, que procuram muito ser como as suas figuras de referência, pai e mãe!
Assim, o modo como os pais falam com os filhos e procura respeitar, entender e chegar aos seus filhos, é o modo como estes irão aprender a lidar consigo mesmos e com o mundo.
No artigo http://www.positiveparentingconnection.net/discipline-teaching-through-love-instead-of-fear/ é visível alguns aspectos chaves, que pais e mãe acabam por fazer sem pensar.
Por exemplo, quantos de nós, quando queremos que uma criança obedeça a uma ordem, conta até 3, de forma a que a criança cumpra nesse espaço de tempo? Esta é uma situação que à primeira vista pode parecer tranquila, estamos a dar à criança o tempo para cumprir o que lhe é pedido, mas na realidade, estamos a pedir que cumpra à luz de uma “ameaça” subjacente a algo que acontece se chegar ao três sem ter cumprido. Esta situação acaba por ser negativa para os mais novos e ensina-lhes que através da chantagem e pressão conseguimos tudo o que queremos. Inicialmente cumprimos porque os pais são maiores e mais fortes, depois, na adolescência ou quando crescemos, já não nos afecta e deixamos de cumprir. Ou seja, nós pais, acabamos por criar um contexto de medo e não de respeito na relação.
Outro exemplo que é dado neste artigo e que faz todo sentido, e que é algo que em termos clínicos trabalhamos sempre com cada criança, é o respeito pelas necessidades individuais de cada um. Claro que os adultos são os adultos, têm mais responsabilidades e o tempo não pára perante todas as obrigações que ao fim do dia têm de ver cumpridas. Mas se queremos ensinar-lhes que as necessidades deles são tão importantes quanto as nossas ou de outra pessoa, temos de aprender a dialogar, negociar, e respeitar que por vezes, sendo impossível ficar mais tempo a brincar, ou mais tempo a jogar, é necessário explicar aos mais novos que têm de ceder por vezes, tal como os pais irão ceder noutras alturas, pois naquele momento existe uma obrigação maior. Contudo, não podemos esquecer de, posteriormente também ter tempo para as necessidades deles, ajudando-os a entender isso mesmo.
Por fim, um outro aspecto que quero realçar trata-se da expressão emocional. Apesar de ser fundamental dar à criança as ferramentas para gerir as emoções e aprender a adequar a sua expressão, a realidade é que por vezes as crianças têm de chorar, têm de manifestar a frustração e a zanga. Aos adultos pode até não fazer sentido, mas na realidade, se a criança precisa dessa expressão, devemos ajudá-la a manifestar-se, traduzir pelo sentimento subjacente e respeitar a necessidade. Oprimir a emoção, o choro, só porque não faz sentido ao adulto, ou é consequência de uma regra do adulto, é impedir a criança de expressar os sentimentos menos positivos, e posteriormente, é promover um bloqueio no reconhecimento e expressão emocional de emoções negativas.
Com tudo isto, no fundo, a teoria do “faz o que eu digo, não faças o que eu faço” é algo que cai por terra na totalidade, e aos adultos cabe estar ainda mais atentos aos pormenores da relação que desenvolvem com os mais pequenos.